terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Douglas e política externa

Este vídeo foi produzido no início de 2007, a qualidade não é muito boa, mas ficou legal. Neste vídeo eu falo a respeito de política externa, aquecimento global e outras coisitas mais. Já se passaram praticamente dois anos, e muita coisa mudou no mundo.

Eu espero que vocês gostem.

Autoria: Douglas Jeremias

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

A verdade doi muito para alguns

A democracia tem suas vantagens mesmo. Num belo dia, por sinal um grupo genial de Raps, teve a coragem de manifestarem a sua pura liberdade de expressão na do povo.

Olhem a obra prima do povo


Cantor de hip hop irrita deputados

Para rapper Claudinho, medalha que recebeu é apenas um “metal preso em uma cordinha”



Na segunda-feira (8), a Assembléia Legislativa foi palco de uma saia justa que indignou deputados, arrancou risos e aplausos dos presentes e colocou Cláudio Roberto dos Santos no centro de uma polêmica difícil de ser digerida pelos parlamentares. Cláudio Roberto é Claudinho, 30, cantor de rap e um dos 18 homenageados da sessão especial promovida pelo deputado Mauro Rubem (PT) em comemoração aos 60 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Presidente da União Bate Cabeça do Cerrado (UBC), que reúne músicos, dançarinos e produtores de hip hop e membro do Centro de Cidadania Negra de Goiás (Ceneg -GO), recebeu da Comissão dos Direitos Humanos a Medalha Pedro Ludovico por trabalhos de afirmação da cultura negra, combate ao racismo e violência social realizados em escolas e comunidades carentes.

O “agradecimento” veio em forma de versos, e foi neste instante que o mal-estar tomou conta do plenário Getulino Artiaga. De posse do microfone, embalados pela batida forte do hip hop, Claudinho, Mc Lethal e Mortão, integrantes do grupo Testemunha Ocular, deram ritmo à máxima de que todo político é “ladrão” e propagaram pelos quatro cantos do salão a impressão que têm da Casa: “Político rouba, político rouba/ dentre mil um roda. Os despolitizados viram massa de manobra/ estão tão acomodados que se viram com as sobras/ Sobra de ignorância, não tem para onde correr/ Existe um abismo entre o povo e o poder”. No dia seguinte, surgiu a proposta de cassar a medalha do rapper. “Achei a música de profundo mau gosto. Foi falta de educação, era uma sessão solene, ele cuspiu na medalha que recebeu. Ingratidão com todos que a concedemos. Sou a favor da cassação da medalha. O ideal, porém, é que ele tenha elegância e devolva”, defende o deputado Romilton Moraes (PMDB).

Claudinho confessa que notou a “cara amarrada” dos políticos presentes.

Logo o cerimonial começou a diminuir o volume do som instrumental que acompanhava a canção. O grupo continuou cantando. No final da música, muitos aplaudiram, outros riam e os cantores se retiraram. Em seguida, Mônica Café, presidente do Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente, e Marcos Antônio Correntino, presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Meia Ponte (Cobamp) discursaram. “Ficou um clima desagradável. A música não era apropriada. Algumas pessoas gargalhavam, outras ficaram preocupadas”, descreve Domingos Pereira, presidente do Sintego e também homenageado. O deputado Wagner Guimarães (PMDB), que presidiu a sessão, encerrou a homenagem tentando botar “panos quentes” no acontecido. “Esta é uma das vantagens da democracia.”

“A música é uma das formas mais contundentes de manifestação.

Aproveitamos a oportunidade para mostrar que o povo vota sempre nos mesmos corruptos. Não atacamos ninguém. Mesmo porque, se fôssemos fazer uma música para cada político corrupto, daria uma discografia gigante”, ironiza Claudinho. O rapper, que só concluiu o ensino médio, filho de uma dona de casa e de um metalúrgico, é morador do Setor Norte Ferroviário e diz que a medalha não passa de objeto simbólico. “É um metal preso em uma cordinha. Perguntaram se minha mãe não me ensinou que devemos ter educação na casa dos outros. Não entendem que a Casa não é deles, é do povo.”

Rubem é contra a cassação da medalha. “Seria absurdo. A Casa tem que viver com o contraditório. Não aprovo a canção, mas a manifestação de uma música de um CD comercial não reduz o mérito de Claudinho na luta contra o racismo.” Betinha Tejota (PSB) pensa até em processar o cantor por danos morais. “Deve ser uma pessoa muito mal resolvida, que vota mal e traumatizado. Foi falta de caráter, ato de cinismo.”

Que tem falta de cinismo é a deputada que não sabe o significado de liberdade de expressão, afinal será que pensou que a música era pra ela?

“Quem sou eu para discutir cinismo com os especialistas no assunto?”, rebate Claudinho. “Se ela tivesse vindo de onde vim, se tivesse sido cerceado seu acesso à educação e lazer, talvez entenderia... talvez.”

Perguntado se seria político, dispara: “Eu já sou. Essa é minha forma de fazer política.”

Fonte: Youtube e Diário

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

O YOUTUBE sabe ser surpreendente

O Youtube é algo maravilhoso, e cada dia descubro novas coisas super interessantes. Os vídeos youtubianos é uma seleção de elementos presentes na TV aberta e fechada. Além disso, estabelecem uma visão dos grandes momentos do passado e juntando a esta orgia virtual, vemos a proliferação de vídeos amadores de todos os tipos imagináveis. Há uma forte autonomia e liberdade nas publicações e até eu tenho vídeos no Youtube. Incrível a magia tecnológica, segundo as minhas concepções considero a tecnologia como bruxaria da modernidade.

A parti de agora, veremos um vídeo surpreendente em todos os sentidos. Você acreditaria que um pré-candidato republicano a presidência dos ESTADOS UNIDOS se posicionaria contra a Guerra do Iraque , mas isso não foi um sonho aconteceu realmente. O autor da proeza era o pré-candidato Ron Paul, essa cena ocorre em um debate entre os republicanos.

Este vídeo do Bruno Hoffmann demonstra o potencial quase livre do YOUTUBE só não é totalmente, por motivos lógicos.

Autoria: Douglas Jeremias

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

A influência da internet nas campanhas eleitorais

A influência dos blogs na eleição norte-americana é discutida no Manhattan Connection. Segundo a jornalista, Camila Viegas “a internet se tornou um dos carros chefes de qualquer campanha hoje em dia”. E acrescentando a isso, não podemos esquecer os recordes de doações feitas via internet para a campanha eleitoral de Obama, cujos valores alcançaram cifras milionárias.

Texto de autoria de Douglas Jeremias

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

A transformação pelo conhecimento

Goiânia, 19 de outubro de 2008

Pensar e transformar o mundo em algo melhor é o meu objetivo de vida. Uma coisa tem que confessar: sou amante da coletividade e apaixonado pela natureza. Por isso, o meu dever de cidadão da humanidade é me dedicar ao conhecimento, esta missão transformadora não é nada fácil requer muita vontade e superação. Todos os dias, quando ando pelos corredores do FCHF (faculdade de ciências humanas e filosofia) sinto que o local é um lugar sagrado, os ambientes destinados ao conhecimento transmitem esta energia de animo e renovação. Não devo em hipótese alguma esquecer as dificuldades que superei para chegar até aqui. Por isso peço forças aos céus para continuar nessa jornada e luta pelos meus ideais, pois a minha meta é contribuir na construção de uma humanidade fraterna e unida. E quando escuto PINK FLOYD o meu sentimento de humanidade torna mais forte.

Autoria: Douglas Jeremias

domingo, 14 de dezembro de 2008

Educação Profissional

O SENAI representou o Sistema S nesta quinta(4/12) na audiência pública da Subcomissão Permanente de Assuntos Sociais doSenado, que integra as atividades da 4ª Semana do Senado de Acessibilidade eValorização da Pessoa com Deficiência.

Foram discutidas no encontro ações para ainserção de deficientes no mercado de trabalho, a Lei de Cotas e o Estatuto daPessoa Portadora de Deficiência. Participaram da audiência o senador Paulo Paim(PT-RS), autor do projeto do Estatuto, e a gestora do Programa SENAI de AçõesInclusivas (Psai), Loni Manica (foto), que apresentou as ações desenvolvidas doprograma desde a sua criação, em 1999, entre outros senadores e convidados.

“Iniciamos o programa para promover ainclusão das pessoas com necessidades educacionais especiais nos cursos doSENAI”, disse Loni. “Hoje, estamos com a proposta presente em todos os estadose no Distrito Federal”. Ela falou também sobre os obstáculos dos empresáriospara cumprir a Lei 8.213, que instituiu a obrigatoriedade da contratação de deficientesnas empresas com mais de cem empregados.

“Temos trabalhado junto ao empresariadopara conseguir qualificar essas pessoas”, disse ainda a gestora do SENAI. “Comoeducadora, acredito na inclusão por competência e não por cotas”.

Novas propostas – Asubprocuradora-geral do Trabalho do Ministério Público do Trabalho (MPT), MariaAparecida Gugel, elogiou o Psai. “Não temos o trabalhador qualificadoadequadamente para o exercício da atividade. Hoje, é o próprio empresariadoquem faz essa qualificação, quando na verdade essa é uma obrigação do próprioestado”. Maria Aparecida sugeriu a criação de estímulos para a qualificação e acontratação de mais deficientes.

“Quem sabe propor a desoneração da folhaou de encargos sociais?”, perguntou a subprocuradora-geral. “Precisamos tambémincentivar os deficientes a buscar o mercado de trabalho. Muitos vivem deassistência social e temem de deixar esse incentivo. Precisamos discutir essaspropostas no legislativo”,

O deficiente Eduardo Purper, de 22 anos,relatou a sua trajetória para realizar o grande sonho de graduar-se em jornalismo.“Trabalho na rádio da minha faculdade. Digo sempre que o deficiente só precisade oportunidade”.

Sem a Lei de Cotas – Purper propôsum pacto para que os deficientes físicos possam provar que são capazes departicipar de uma seleção competitiva no mercado de trabalho e não apenas deentrar nesse mercado por meio da Lei de Cotas. Ele pediu aos parlamentares quefiquem atentos à importância da valorização dos deficientes como profissionaiscontratados por sua capacidade, e não apenas devido a uma exigência legalimposta aos empresários.

“O meu sonho é poder participar de umaseleção competitiva, para que eu tenha a oportunidade de mostrar o Eduardojornalista e não o Eduardo deficiente. Costumo dizer que eu não tenho nada,pois a cadeira de rodas apenas faz parte de mim. Eu tenho muito a dar”, afirmouo estudante, que se graduará em Jornalismo no dia 18 de julho de 2009.

Defensor dos direitos das pessoas comdeficiência, o ator Marcos Frota, também presente à audiência, lembrou que oBrasil tem cerca de 25 milhões de pessoas com algum tipo de necessidadeespecial. O artista destacou que muito se tem discutido sobre a inclusão dessaspessoas no mercado de trabalho, mas alertou para o fato de que nem todosdesejam atuar numa profissão formal.

Psai – O ProgramaSENAI de Ações Inclusivas (Psai) ministra em todo o país cursos de qualificaçãoprofissional para a inserção de deficientes no mercado de trabalho. Até agosto,mais de 34 mil alunos com necessidades educacionais especiais foram formadospor unidades do SENAI.

O programa atende deficientes/condutastípicas e altas habilidades em seus cursos da organização. Também proporciona oatendimento a negros/índios e amplia a participação de mulheres nos cursosestigmatizados para homens e vice-versa, além de orientar os departamentosregionais na requalificação profissional de pessoas acima de 45 anos.

O Psai é desenvolvido levando emconsideração os aspectos legais – Decreto 3.298/99, que ratifica a Lei 7.853/89–, que dispõe sobre a obrigatoriedade das indústrias contratarem de 2% a 5 %pessoas com deficiência, amparando a necessidade de ações para capacitar epreparar esta clientela para a demanda.

Outra legislação que apóia o programa é oDecreto 5.598, de 1º de dezembro de 2005, que regulamenta a contratação deaprendizes registrando que o "aluno aprendiz portador de qualquerdeficiência não tem limite de idade para participar dos cursos deaprendizagem”. “O decreto amplia significativamente a oportunidade de pessoascom necessidades especiais participarem de capacitações nessa modalidade, demaior relevância para a nossa organização”, destaca Loni, que atua na Unidadede Educação Profissional do SENAI Nacional.

Eric Hobsbawm falando da crise e ressaltando a importância de Marx

ENTREVISTA: ERIC HOBSBAWM

A crise do capitalismo e a importância atual de Marx

Em entrevista a Marcello Musto, o historiador Eric Hobsbawm analisa a atualidade da obra de Marx e o renovado interesse que vem despertando nos últimos anos, mais ainda agora após a nova crise de Wall Street. E fala sobre a necessidade de voltar a ler o pensador alemão: “Marx não regressará como uma inspiração política para a esquerda até que se compreenda que seus escritos não devem ser tratados como programas políticos, mas sim como um caminho para entender a natureza do desenvolvimento capitalista”.

Em entrevista a Marcello Musto, o historiador Eric Hobsbawm analisa a atualidade da obra de Marx e o renovado interesse que vem despertando nos últimos anos, mais ainda agora após a nova crise de Wall Street. E fala sobre a necessidade de voltar a ler o pensador alemão: “Marx não regressará como uma inspiração política para a esquerda até que se compreenda que seus escritos não devem ser tratados como programas políticos, mas sim como um caminho para entender a natureza do desenvolvimento capitalista”.

Eric Hobsbawm é considerado um dos maiores historiadores vivos. É presidente do Birbeck College (London University) e professor emérito da New School for Social Research (Nova Iorque). Entre suas muitas obras, encontra-se a trilogia acerca do “longo século XIX”: “A Era da Revolução: Europa 1789-1848” (1962); “A Era do Capital: 1848-1874” (1975); “A Era do Império: 1875-1914 (1987) e o livro “A Era dos Extremos: o breve século XX, 1914-1991 (1994), todos traduzidos em vários idiomas.

Entrevistamos o historiador por ocasião da publicação do livro “Karl Marx’s Grundrisse. Foundations of the Critique of Political Economy 150 Years Later” (Os Manuscritos de Karl Marx. Elementos fundamentais para a Crítica da Economia Política, 150 anos depois).

Nesta conversa, abordamos o renovado interesse que os escritos de Marx vêm despertando nos últimos anos e mais ainda agora após a nova crise de Wall Street. Nosso colaborador Marcello Musto entrevistou Hobsbawm para Sin Permiso.

Marcello Musto: Professor Hobsbawm, duas décadas depois de 1989, quando foi apressadamente relegado ao esquecimento, Karl Marx regressou ao centro das atenções. Livre do papel de intrumentum regni que lhe foi atribuído na União Soviética e das ataduras do “marxismo-leninismo”, não só tem recebido atenção intelectual pela nova publicação de sua obra, como também tem sido objeto de crescente interesse. Em 2003, a revista francesa Nouvel Observateur dedicou um número especial a Marx, com um título provocador: “O pensador do terceiro milênio?”. Um ano depois, na Alemanha, em uma pesquisa organizada pela companhia de televisão ZDF para estabelecer quem eram os alemães mais importantes de todos os tempos, mais de 500 mil espectadores votaram em Karl Marx, que obteve o terceiro lugar na classificação geral e o primeiro na categoria de “relevância atual”.

Em 2005, o semanário alemão Der Spiegel publicou uma matéria especial que tinha como título “Ein Gespenst Kehrt zurük” (A volta de um espectro), enquanto os ouvintes do programa “In Our Time” da rádio 4, da BBC, votavam em Marx como o maior filósofo de todos os tempos. Em uma conversa com Jacques Attali, recentemente publicada, você disse que, paradoxalmente, “são os capitalistas, mais que outros, que estão redescobrindo Marx” e falou também de seu assombro ao ouvir da boca do homem de negócios e político liberal, George Soros, a seguinte frase: “Ando lendo Marx e há muitas coisas interessantes no que ele diz”. Ainda que seja débil e mesmo vago, quais são as razões para esse renascimento de Marx? É possível que sua obra seja considerada como de interesse só de especialistas e intelectuais, para ser apresentada em cursos universitários como um grande clássico do pensamento moderno que não deveria ser esquecido? Ou poderá surgir no futuro uma nova “demanda de Marx”, do ponto de vista político?

Eric Hobsbawm: Há um indiscutível renascimento do interesse público por Marx no mundo capitalista, com exceção, provavelmente, dos novos membros da União Européia, do leste europeu. Este renascimento foi provavelmente acelerado pelo fato de que o 150° aniversário da publicação do Manifesto Comunista coincidiu com uma crise econômica internacional particularmente dramática em um período de uma ultra-rápida globalização do livre-mercado.

Marx previu a natureza da economia mundial no início do século XXI, com base na análise da “sociedade burguesa”, cento e cinqüenta anos antes. Não é surpreendente que os capitalistas inteligentes, especialmente no setor financeiro globalizado, fiquem impressionados com Marx, já que eles são necessariamente mais conscientes que outros sobre a natureza e as instabilidades da economia capitalista na qual eles operam.

A maioria da esquerda intelectual já não sabe o que fazer com Marx. Ela foi desmoralizada pelo colapso do projeto social-democrata na maioria dos estados do Atlântico Norte, nos anos 1980, e pela conversão massiva dos governos nacionais à ideologia do livre mercado, assim como pelo colapso dos sistemas políticos e econômicos que afirmavam ser inspirados por Marx e Lênin. Os assim chamados “novos movimentos sociais”, como o feminismo, tampouco tiveram uma conexão lógica com o anti-capitalismpo (ainda que, individualmente, muitos de seus membros possam estar alinhados com ele) ou questionaram a crença no progresso sem fim do controle humano sobre a natureza que tanto o capitalismo como o socialismo tradicional compartilharam. Ao mesmo tempo, o “proletariado”, dividido e diminuído, deixou de ser crível como agente histórico da transformação social preconizada por Marx.

Devemos levar em conta também que, desde 1968, os mais proeminentes movimentos radicais preferiram a ação direta não necessariamente baseada em muitas leituras e análises teóricas. Claro, isso não significa que Marx tenha deixado de ser considerado como um grande clássico e pensador, ainda que, por razões políticas, especialmente em países como França e Itália, que já tiveram poderosos Partidos Comunistas, tenha havido uma apaixonada ofensiva intelectual contra Marx e as análises marxistas, que provavelmente atingiu seu ápice nos anos oitenta e noventa. Há sinais agora de que a água retomará seu nível.

Marcello Musto: Ao longo de sua vida, Marx foi um agudo e incansável investigador, que percebeu e analisou melhor do que ninguém em seu tempo o desenvolvimento do capitalismo em escala mundial. Ele entendeu que o nascimento de uma economia internacional globalizada era inerente ao modo capitalista de produção e previu que este processo geraria não somente o crescimento e prosperidade alardeados por políticos e teóricos liberais, mas também violentos conflitos, crises econômicas e injustiça social generalizada. Na última década, vimos a crise financeira do leste asiático, que começou no verão de 1997; a crise econômica Argentina de 1999-2002 e, sobretudo, a crise dos empréstimos hipotecários que começou nos Estados Unidos em 2006 e agora tornou-se a maior crise financeira do pós-guerra. É correto dizer, então, que o retorno do interesse pela obra de Marx está baseado na crise da sociedade capitalista e na capacidade dele ajudar a explicar as profundas contradições do mundo atual?

Eric Hobsbawm: Se a política da esquerda no futuro será inspirada uma vez mais nas análises de Marx, como ocorreu com os velhos movimentos socialistas e comunistas, isso dependerá do que vai acontecer no mundo capitalista. Isso se aplica não somente a Marx, mas à esquerda considerada como um projeto e uma ideologia política coerente. Posto que, como você diz corretamente, a recuperação do interesse por Marx está consideravelmente – eu diria, principalmente – baseado na atual crise da sociedade capitalista, a perspectiva é mais promissora do que foi nos anos noventa. A atual crise financeira mundial, que pode transformar-se em uma grande depressão econômica nos EUA, dramatiza o fracasso da teologia do livre mercado global descontrolado e obriga, inclusive o governo norte-americano, a escolher ações públicas esquecidas desde os anos trinta.

As pressões políticas já estão debilitando o compromisso dos governos neoliberais em torno de uma globalização descontrolada, ilimitada e desregulada. Em alguns casos, como a China, as vastas desigualdades e injustiças causadas por uma transição geral a uma economia de livre mercado, já coloca problemas importantes para a estabilidade social e mesmo dúvidas nos altos escalões de governo. É claro que qualquer “retorno a Marx” será essencialmente um retorno à análise de Marx sobre o capitalismo e seu lugar na evolução histórica da humanidade – incluindo, sobretudo, suas análises sobre a instabilidade central do desenvolvimento capitalista que procede por meio de crises econômicas auto-geradas com dimensões políticas e sociais. Nenhum marxista poderia acreditar que, como argumentaram os ideólogos neoliberais em 1989, o capitalismo liberal havia triunfado para sempre, que a história tinha chegado ao fim ou que qualquer sistema de relações humanas possa ser definitivo para todo o sempre.

Marcello Musto: Você não acha que, se as forças políticas e intelectuais da esquerda internacional, que se questionam sobre o que poderia ser o socialismo do século XXI, renunciarem às idéias de Marx, estarão perdendo um guia fundamental para o exame e a transformação da realidade atual?

Eric Hobsbawm: Nenhum socialista pode renunciar às idéias de Marx, na medida que sua crença em que o capitalismo deve ser sucedido por outra forma de sociedade está baseada, não na esperança ou na vontade, mas sim em uma análise séria do desenvolvimento histórico, particularmente da era capitalista. Sua previsão de que o capitalismo seria substituído por um sistema administrado ou planejado socialmente parece razoável, ainda que certamente ele tenha subestimado os elementos de mercado que sobreviveriam em algum sistema pós-capitalista.

Considerando que Marx, deliberadamente, absteve-se de especular acerca do futuro, não pode ser responsabilizado pelas formas específicas em que as economias “socialistas” foram organizadas sob o chamado “socialismo realmente existente”. Quanto aos objetivos do socialismo, Marx não foi o único pensador que queria uma sociedade sem exploração e alienação, em que os seres humanos pudessem realizar plenamente suas potencialidades, mas foi o que expressou essa idéia com maior força e suas palavras mantêm seu poder de inspiração.

No entanto, Marx não regressará como uma inspiração política para a esquerda até que se compreenda que seus escritos não devem ser tratados como programas políticos, autoritariamente ou de outra maneira, nem como descrições de uma situação real do mundo capitalista de hoje, mas sim como um caminho para entender a natureza do desenvolvimento capitalista. Tampouco podemos ou devemos esquecer que ele não conseguiu realizar uma apresentação bem planejada, coerente e completa de suas idéias, apesar das tentativas de Engels e outros de construir, a partir dos manuscritos de Marx, um volume II e III de “O Capital”. Como mostram os “Grundrisse”, aliás. Inclusive, um Capital completo teria conformado apenas uma parte do próprio plano original de Marx, talvez excessivamente ambicioso.

Por outro lado, Marx não regressará à esquerda até que a tendência atual entre os ativistas radicais de converter o anti-capitalismo em anti-globalização seja abandonada. A globalização existe e, salvo um colapso da sociedade humana, é irreversível. Marx reconheceu isso como um fato e, como um internacionalista, deu as boas vindas, teoricamente. O que ele criticou e o que nós devemos criticar é o tipo de globalização produzida pelo capitalismo.

Marcello Musto: Um dos escritos de Marx que suscitaram o maior interesse entre os novos leitores e comentadores são os “Grundrisse”. Escritos entre 1857 e 1858, os “Grundrisse” são o primeiro rascunho da crítica da economia política de Marx e, portanto, também o trabalho inicial preparatório do Capital, contendo numerosas reflexões sobre temas que Marx não desenvolveu em nenhuma outra parte de sua criação inacabada. Por que, em sua opinião, estes manuscritos da obra de Marx, continuam provocando mais debate que qualquer outro texto, apesar do fato dele tê-los escrito somente para resumir os fundamentos de sua crítica da economia política? Qual é a razão de seu persistente interesse?

Eric Hobsbawm: Desde o meu ponto de vista, os "Grundrisse" provocaram um impacto internacional tão grande na cena marxista intelectual por duas razões relacionadas. Eles permaneceram virtualmente não publicados antes dos anos cinqüenta e, como você diz, contendo uma massa de reflexões sobre assuntos que Marx não desenvolveu em nenhuma outra parte. Não fizeram parte do largamente dogmatizado corpus do marxismo ortodoxo no mundo do socialismo soviético. Mas não podiam simplesmente ser descartados. Puderam, portanto, ser usados por marxistas que queriam criticar ortodoxamente ou ampliar o alcance da análise marxista mediante o apelo a um texto que não podia ser acusado de herético ou anti-marxista. Assim, as edições dos anos setenta e oitenta, antes da queda do Muro de Berlim, seguiram provocando debate, fundamentalmente porque nestes escritos Marx coloca problemas importantes que não foram considerados no “Capital”, como por exemplo as questões assinaladas em meu prefácio ao volume de ensaios que você organizou (Karl Marx's Grundrisse. Foundations of the Critique of Political Economy 150 Years Later, editado por M. Musto, Londres-Nueva York, Routledge, 2008).

Marcello Musto: No prefácio deste livro, escrito por vários especialistas internacionais para comemorar o 150° aniversário de sua composição, você escreveu: “Talvez este seja o momento correto para retornar ao estudo dos “Grundrisse”, menos constrangidos pelas considerações temporais das políticas de esquerda entre a denúncia de Stalin, feita por Nikita Khruschev, e a queda de Mikhail Gorbachev”. Além disso, para destacar o enorme valor deste texto, você diz que os “Grundrisse” “trazem análise e compreensão, por exemplo, da tecnologia, o que leva o tratamento de Marx do capitalismo para além do século XIX, para a era de uma sociedade onde a produção não requer já mão-de-obra massiva, para a era da automatização, do potencial de tempo livre e das transformações do fenômeno da alienação sob tais circunstâncias. Este é o único texto que vai, de alguma maneira, mais além dos próprios indícios do futuro comunista apontados por Marx na “Ideologia Alemã”. Em poucas palavras, esse texto tem sido descrito corretamente como o pensamento de Marx em toda sua riqueza. Assim, qual poderia ser o resultado da releitura dos “Grundrisse” hoje?

Eric Hobsbawm: Não há, provavelmente, mais do que um punhado de editores e tradutores que tenham tido um pleno conhecimento desta grande e notoriamente difícil massa de textos. Mas uma releitura ou leitura deles hoje pode ajudar-nos a repensar Marx: a distinguir o geral na análise do capitalismo de Marx daquilo que foi específico da situação da sociedade burguesa na metade do século XIX. Não podemos prever que conclusões podem surgir desta análise. Provavelmente, somente podemos dizer que certamente não levarão a acordos unânimes.

Marcello Musto: Para terminar, uma pergunta final. Por que é importante ler Marx hoje?

Eric Hobsbawm: Para qualquer interessado nas idéias, seja um estudante universitário ou não, é patentemente claro que Marx é e permanecerá sendo uma das grandes mentes filosóficas, um dos grandes analistas econômicos do século XIX e, em sua máxima expressão, um mestre de uma prosa apaixonada. Também é importante ler Marx porque o mundo no qual vivemos hoje não pode ser entendido sem levar em conta a influência que os escritos deste homem tiveram sobre o século XX. E, finalmente, deveria ser lido porque, como ele mesmo escreveu, o mundo não pode ser transformado de maneira efetiva se não for entendido. Marx permanece sendo um soberbo pensador para a compreensão do mundo e dos problemas que devemos enfrentar.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Equadro tendo coragem

O presidente do Equador, Rafael Correa, declarou, nesta sexta-feira, a moratória de uma parte de sua dívida externa, decidindo não pagar US$ 30,6 milhões de juros do bônus Global 2012, que venceria na próxima segunda-feira.

"Dei ordens para que não sejam pagos os juros, uma vez que o país está em 'default' de sua dívida externa", declarou Correa a jornalistas, em Guayaquil, sudoeste do país.

A medida já era esperada. Na semana passada, autoridades equatorianas haviam anunciado que o país estava buscando maneiras de não pagar parte da dívida, amparado no relatório da Comissão de Auditoria da Dívida Externa, organizado pelo governo e que no mês passado qualificou de "ilegais" as dívidas dos bônus Global 2012 e 2030, equivalentes a US$ 3,8 bilhões.

Esses bônus são parte da reestruturação da dívida equatoriana de 2000, quando o país teve que declarar moratória depois da quebra do sistema financeiro nacional, o que levou o país a dolarizar a economia.

A moratória declarada por Correa nesta sexta-feira não tem relação com a dívida do país com o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).


Responsabilidade

A Comissão considerou que os organismos multilaterais promoveram um endividamento "desleal" e que o Fundo Monetário Internacional (FMI) teria "incentivado" esse endividamento.

"Ainda estamos estudando com advogados nacionais e internacionais as estratégias jurídicas para impugnar uma dívida ilegal e ilegítima", afirmou o presidente equatoriano.

Correa disse que seu governo "assume toda a responsabilidade" desta decisão e que está disposto a apresentar um plano de reestruturação da dívida aos credores do país por considerar que "não todas as partes da dívida são ilegais, mas sim a grande parte".

Um das conseqüências imediatas desta decisão é uma provável restrição de crédito das instituições financeiras internacionais ao Equador, problema que o governo pretende solucionar recorrendo à ajuda de países como Venezuela, Rússia e Irã.

O Equador acumula uma dívida externa pública de US$ 10,6 bilhões, valor equivalente a cerca de 20% do Produto Interno Bruto (PIB) do país. Deste total, US$ 3,8 bilhões estão representados por bônus Global, que têm datas de vencimento em 2012, 2015 e 2030.

A moratória é anunciada em um momento em que o país já começa a sentir os efeitos da crise financeira internacional, que levou o preço do petróleo a sua maior baixa nos últimos quatro anos. Cerca de 40% do orçamento do país depende das divisas petrolíferas.

Fonte: BBC Brasil

Será que esta proposta vai da certo?

Os governantes da União Européia (UE) chegaram nesta sexta-feira a um acordo sobre um pacote de medidas contra as mudanças climáticas que confirma os objetivos do bloco de diminuir as emissões de CO2, mas reduz a responsabilidade das indústrias pesadas nesse processo.

Minimizar o impacto econômico que o plano terá sobre esse setor, já muito debilitado pela crise financeira, era a única forma de conseguir a unanimidade entre os 27 países europeus, já que Alemanha, Itália e Polônia ameaçavam vetar o acordo.

O pacote elaborado pela Comissão Européia (órgão Executivo do bloco) determina que, até 2020, a União Européia deve reduzir em 20% as emissões de gases poluentes e o consumo de energia, além de aumentar para também 20% a participação de energias renováveis no consumo total.

Uma das medidas centrais do pacote é a inclusão de todos os setores industriais no esquema europeu de comércio de emissões, o que os obrigaria a comprar os direitos para emitir gases que provocam efeito estufa em leilões organizados pelo bloco. Atualmente, 90% desses direitos são concedidos gratuitamente.

Concessão

O texto aprovado determina que a indústria, de forma geral, terá que pagar por 20% dos direitos de emissão a partir de 2013 e por 70% a partir de 2020.

O setor energético, responsável por 60% do total de emissões na União Européia, terá que comprar apenas 30% desses direitos a partir de 2013. O plano original previa que, em 2013, todos os direitos recebidos por essa indústria passariam a ser cobrados.

De acordo com o novo texto, os produtores de energia só começarão a pagar pela totalidade dos direitos em 2020, uma concessão feita à Polônia, onde 95% da energia produzida localmente tem como fonte o carvão.

"Cobrar por 100% dos direitos já em 2013 causaria um aumento de entre 2% e 3% no preço da eletricidade para os poloneses. Isso não é possível. Não é socialmente aceitável", disse o presidente da União Européia, o francês Nicolas Sarkozy, em entrevista coletiva ao final da cúpula realizada em Bruxelas.

Mas o argumento não convence as organizações ambientalistas, que acusam a União Européia de "recompensar os maiores poluidores, em vez de fazê-los pagar pelo dano que estão causando".

"Subsidiar os maiores poluidores é imoral e contraprodutivo", disse Sanjeev Kumar, coordenador da área na WWF.

Pacote "histórico"

Apesar dessas mudanças, os líderes europeus classificaram o pacote de "histórico" e disseram que a decisão confirma a liderança européia no combate às mudanças climáticas.

"Nenhum outro país do mundo impôs regras tão rígidas. A Europa pode dizer: 'Nós já fizemos. Agora façam vocês'", afirmou Sarkozy.

O presidente do Executivo, José Manuel Durão Barroso, pediu que os outros países sigam o exemplo da União Européia, em especial os Estados Unidos.

"Nossa mensagem para nossos parceiros é: 'Sim, vocês podem'", disse, em alusão ao lema de campanha do presidente eleito americano, Barack Obama.

"Estamos pedindo a ele (Obama) que se una à Europa e lidere o mundo na busca de uma política favorável ao meio ambiente", acrescentou.

Fonte: BBC Brasil

Os índios falando sobre a demarcação da raposa do sol



Video

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Legião Urbana - Índios


Quem me dera

Ao menos uma vez

Ter de volta todo o ouro

Que entreguei a quem

Conseguiu me convencer

Que era prova de amizade

Se alguém levasse embora

Até o que eu não tinha

Quem me dera

Ao menos uma vez

Esquecer que acreditei

Que era por brincadeira

Que se cortava sempre

Um pano-de-chão

De linho nobre e pura seda

Quem me dera
Ao menos uma vez
Explicar o que ninguém
Consegue entender:
Que o que aconteceu
Ainda está por vir
E o futuro não é mais
Como era antigamente.

Quem me dera
Ao menos uma vez
Provar que quem tem mais
Do que precisa ter
Quase sempre se convence
Que não tem o bastante
Fala demais
Por não ter nada a dizer.

Quem me dera
Ao menos uma vez
Que o mais simples fosse visto
Como o mais importante
Mas nos deram espelhos
E vimos um mundo doente.

Quem me dera
Ao menos uma vez
Entender como só Deus
Ao mesmo tempo é três
Esse mesmo Deus
Foi morto por vocês
É só maldade então
Deixar um Deus tão triste.

Eu quis o perigo
E até sangrei sozinho
Entenda!
Assim pude trazer
Você de volta pra mim
Quando descobri
Que é sempre só você
Que me entende
Do início ao fim.

E é só você que tem
A cura do meu vício
De insistir nessa saudade
Que eu sinto
De tudo que eu ainda não vi.

Quem me dera
Ao menos uma vez
Acreditar por um instante
Em tudo que existe
E acreditar
Que o mundo é perfeito
Que todas as pessoas
São felizes...

Quem me dera
Ao menos uma vez
Fazer com que o mundo
Saiba que seu nome
Está em tudo e mesmo assim
Ninguém lhe diz
Ao menos obrigado.

Quem me dera
Ao menos uma vez
Como a mais bela tribo
Dos mais belos Índios
Não ser atacado
Por ser inocente.

Eu quis o perigo

E até sangrei sozinho

Entenda!
Assim pude trazer

Você de volta pra mim

Quando descobri

Que é sempre só você

Que me entende

Do início ao fim.

E é só você que tem

A cura pro meu vício

De insistir nessa saudade

Que eu sinto

De tudo que eu ainda não vi.

Nos deram espelhos

E vimos um mundo doente

Tentei chorar e não consegui.

Os capitalistas como sempre insatisfeitos

O líder dos arrozeiros, Paulo César Quartiero, que tem duas fazendas na reserva, assistiu ao julgamento. No intervalo, andando de um lado a outro do plenário, afirmou que "os brasiguaios [brasileiros com terra no Paraguai] são mais bem tratados que os produtores brasileiros". Na saída, disse: "A minha conclusão é que o governo brasileiro já vendeu a Amazônia e agora está lutando para entregar aos novos proprietários". "E está usando a desculpa da questão indígena para esticar a política entreguista desse governo", completou ele.

Para o senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR), um dos autores da ação contra a demarcação contínua, haverá impacto econômico sobre Roraima, pois o Estado ficaria com menos de 10% de terra. "Os demais estão na mão do Incra e dos índios."

"Insatisfeitos são estes homens que não cassam de lucros e mais lucros. E logo depois, reclamam dos índios. Estes fazendeiros pensam que o mundo é deles e que todas as terras são suas e de mais ninguém. Se voltarmos ao passado verá que as terras eram habitadas pelos os índios, e com chegada dos colonizadores o povo indígena foi expulso de suas próprias terras. Agora os descendentes dos colonizadores dizem que são vitimas dos índios. Os nossos irmãos índios querem apenas o que é de direito deles."

Douglas Jeremias

A espera

Do lado oposto da disputa, os índios ligados ao Conselho Indígena de Roraima (CIR) celebraram a votação, embora reclamem do fato de o julgamento não ter sido encerrado.

“Estamos emocionados, satisfeitos e felizes com a decisão e acredito que a comunidade também está muito feliz”, disse Ivaldo André, para quem seria melhor se o veredicto tivesse saído agora, e não no ano que vem.

Para os índios, estender o prazo para a retirada dos não-índios amplia a chance de ocorrerem enfrentamentos e problemas. Apesar disso, os indígenas afirmam que serão pacientes e irão esperar o resultado final do STF e a eventual ação da Polícia Federal. “Nós já esperamos 30 anos”, disse Ivaldo André.

Para Menezes Direito, áreas demarcadas não podem aumentar; líder de arrozeiros diz que o "governo já vendeu a Amazônia"

Márcio Meira, da Funai, considerou os votos uma vitória dos índios; senador reclama que Roraima ficará só com 10% de seu território

O presidente da Funai (Fundação Nacional do Índio), Márcio Meira, afirmou que as condições impostas pelo ministro Carlos Alberto Menezes Direito, no voto, dão razão às preocupações dos povos indígenas.

"Acho que os povos indígenas estão preocupados com razão porque são votos que têm explicações jurídicas muito complexas. A gente tem dificuldade, eu que não sou da área de direito, de entender claramente essas condicionantes que estão colocadas." A área jurídica da Funai vai analisar o caso.

A Folha apurou que, entre as ressalvas, preocupa a que diz: "É vedada a ampliação da terra indígena já demarcada".

A Funai estuda identificar novas áreas em Mato Grosso do Sul, o que é entendido por ruralistas como ampliação da reserva de 3.000 hectares, em Dourados, onde vivem 11 mil índios. A Raposa/ Serra do Sol tem 1,7 milhão de hectares.
Meira considerou os votos uma vitória, pois indicou que a terra será contínua e não fere a soberania nacional. Mas, conforme a Folha apurou, a Funai teme que haja demora no voto de Marco Aurélio Mello.

O ministro Tarso Genro (Justiça), a quem a Funai está subordinada, disse ontem que o Supremo agiu com "ponderação e responsabilidade".


Fonte: Folha de São Paulo

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Sexo Sobre Rodas: Deficiente Tem Que Reaprender a Seduzir - Diz Psicólogo

SEXO SOBRE RODAS

Fabiano Puhlmann defende que portadores de deficiência rompam preconceitos para melhorar a vida sexual. Deficiente tem que reaprender a seduzir, diz o psicólogo.

Um simples mergulho numa piscina e a vida de Fabiano Puhlmann, 40, mudou completamente. Quando tinha 18 anos, o psicólogo quebrou o pescoço, o que o tornou paraplégico. A sua experiência serviu-lhe de estímulo para ajudar outras pessoas deficientes a encarar sua condição e a não se intimidar com ela. Até mesmo quando o assunto é sexo.

Puhlmann, que é autor do livro "A Revolução Sexual sobre Rodas" (Ed. Nome da Rosa), conta ser freqüente as pessoas verem um deficiente com uma mulher bonita e logo pensarem: "Ou é compaixão ou ele é rico. Não se imagina que eles [os deficientes] tenham uma vida sexual legal".

Membro da Sociedade Brasileira de Sexologia Humana, Puhlmann diz, com jeito alegre e sorriso tranqüilo, que o deficiente físico precisa romper, antes de tu tudo, com o próprio preconceito e redescobrir que é capaz de seduzir."Se o deficiente acha que não tem nenhum poder de sedução ou que a cadeira de rodas é um peso enorme, as pessoas sempre vão vê-lo no papel de amigo. Aí fica difícil para a pessoa que não tem deficiência se envolver."

Trechos da entrevista concedida pelo psicólogo à Folha:

Folha - No filme "Carne Trêmula" (1997), do diretor Pedro Almodóvar, um personagem, que é cadeirante (anda de cadeira de rodas), é traído pela mulher com um homem "normal". É essa a imagem que as pessoas têm, em geral, dos portadores de deficiência?

Fabiano Puhlmann - Quando você fica deficiente é [essa imagem]. Eu sou deficiente há mais de 20 anos. Como eu já fui andante, sei bem o que o "normal" pensa. O deficiente é olhado de maneira diferente, como alguém que precisa de cuidados. Um homem doente com uma mulher bonita. "O que ela está fazendo com ele? As pessoas pensam: "Ou é compaixão ou ele é rico". Não se imagina que eles tenham uma vida sexual legal. Hoje, 15% da população tem algum tipo de deficiência [motora, sensorial ou mental].

Folha - Qual é a auto-imagem de uma pessoa deficiente? Puhlmann - Quando alguém adquire uma deficiência, está com o imaginário de uma pessoa que não é deficiente. A pessoa não se acha deficiente, acha que aquilo vai passar. A pessoa mesmo tem preconceito. Quando se rompe essa barreira, se consegue ensinar o outro. Ensinar a si próprio primeiro e depois ensinar o outro. Mas, logo num primeiro momento, essa relação é carregada de preconceito. A sociedade trouxe isso para ela.

Folha - Como o deficiente lida com isso? Puhlmann - O deficiente aprende em todas as situações que vive que ele tem de ensinar [aos outros]. À medida que ele conversa, as pessoas vão percebendo que não há nada de mais, que podem falar com ele, podem até brincar com o fato da deficiência, se a pessoa dá esse espaço. A dificuldade está em entender que isso pode acontecer com qualquer pessoa. Sempre fica a pergunta: como foi lhe acontecer isso? Uma cliente minha, deficiente desde pequena, estava grávida. Ela pegou um táxi e o taxista disse para ela: Quem foi que lhe fez isso? Como se ela tivesse sido estuprada e não tivesse escolhido a gravidez como todo mundo. Como se a mulher deficiente não tivesse sexualidade e não fosse fértil.

Folha - E para quem já nasce com uma deficiência? Puhlmann - Quem cresce com deficiência, às vezes, nem se vê como portador de deficiência, não enxerga o preconceito. A pessoa cresceu com aquele mimo, aquela superproteção, é ingênua, não tem malícia e acaba até tendo dificuldades na área da sexualidade.

Folha - Como fazer "renascer" essa sexualidade? Puhlmann - Um dos aspectos mais importantes da sexualidade é a sedução. Como se seduz alguém? É como um felino com sua caça, focaliza-se o outro sabendo das fragilidades e potencialidades. Quando se seduz, o que se deseja é uma troca afetiva, mas você precisa saber quais são as suas forças. Se alguém acha que não tem força nenhuma, nenhum poder de sedução porque é deficiente, se a cadeira de rodas é um peso enorme, o outro sempre vai vê-lo no papel de amigo. É difícil para a pessoa que não tem deficiência se envolver, é um horizonte novo. Ela tem ansiedades, medo, resistências. Se o deficiente sabe disso, ele consegue facilitar para o outro. Se ele consegue se relacionar no meio social, se sai, se tem amigos, a chance de ele conseguir ter uma parceria é muito grande.

Folha - Quais são os caminhos para redescobrir o corpo? Puhlmann - Pensando em uma pessoa que ficou deficiente, é preciso redescobrir o corpo como um todo. Há várias formas. A principal é se tocar de novo, ver as áreas sensíveis, erógenas. Explorar a sensibilidade como um todo. Imagine uma pessoa que sentia seu corpo inteiro e de repente pára de sentir. Também é preciso usar recursos para flexibilizar os valores porque é preciso inverter o jeito que se via as coisas. Se o deficiente é muito "quadrado", é preciso torná-lo mais maleável, por exemplo, com cursos de dança inclusiva, nos quais as pessoas são tocadas, desenvolvem a sensibilidade, ou com a ida a sex shops. O deficiente vai a uma loja dessas e vê o que as pessoas compram, como brinquedos de masturbação, camisinhas com extensão de pênis. Isso faz com que ele comece a ver o sexo de forma mais solta, com mais humor.

Folha - Quais são as causas dos problemas sexuais, tanto dos homens como das mulheres? Puhlmann - Pode-se dizer que, em 80% dos casos, temos um misto de causas biopsicossociais. Para quase todas as causas físicas, hoje existe tratamento. Nos homens, o maior problema é a cabeça. Para as mulheres que tiveram lesão na medula, a vida sexual é normal, o que falta é mais informação sobre contracepção. As reclamações em relação aos homens são iguaizinhas às de uma mulher normal. É impressionante como essas pessoas têm conseguido viver. O que sobrava antes para elas? O prostíbulo, para os homens. Para as mulheres, nem isso.

Folha - Existem centros especializados para atender essa demanda? Puhlmann - A AACD (Associação de Assistência à Criança Deficiente) faz isso. Há também os centros de reabilitação do Hospital das Clínicas, do Hospital São Paulo, e as clínicas particulares. Eu gosto da idéia de que qualquer ginecologista e urologista possa atender essas pessoas, mas esses especialistas têm que garantir o acesso a essas pessoas -por exemplo, um médico que ofereça o seu cartão em braile.


Fabiano Puhlmann, é autor do livro "A Revolução Sexual sobre Rodas" e membro da Sociedade Brasileira de Sexologia Humana.

Sexo como elemento de inclusão social

Holanda constrói bordel para deficientes físicos

Um bordel projetado para atender deficientes físicos pretende ser o maior e mais luxuoso do gênero na Holanda.

O clube Dutch Desires (ou Desejos Holandeses, em português) está sendo construído no sul do país, na cidade de Heerlen, na fazenda Den Struyver, datada do século 18.

Depois de reformada, ela "terá todo o luxo e facilidades que qualquer deficiente físico precisa para sanar as suas necessidades sexuais", diz a propaganda do projeto.

"O que queremos, antes de mais nada, é acabar com o tabu contra deficientes, só faltava um local apropriado para colocar isso em prática", explica o gerente, Frans Borkowitz.

O bordel não atenderá apenas clientes com deficiência física, mas terá algumas facilidades para clientes de cadeiras de rodas. Haverá seis quartos com camas adaptadas, portas corrediças, elevador e entrada rebaixada para cadeiras de rodas. No bar, uma parte do balcão do bar será mais baixa do que a altura padrão.

Cerca de 100 prostitutas trabalharão no local. Os serviços de limosine, sauna, cinema, massagem e piscina serão também estendidos aos deficientes físicos.

A gerência está negociando com uma empresa de taxi para que os clientes com dificuldade de locomoção cheguem com facilidade e rapidez ao local.

Já a Federação Nacional de Deficientes Físicos pretende que o auxílio prestado por algumas prefeituras do país que reembolsam gastos com prostitutas a deficientes físicos seja também possível aos freqüentadores do Dutch Desires.

Hoje na Holanda, existem várias agências de garotas de programa no país especializadas no atendimento a pessoas com deficiência física.

"Mas ter um local assim vai ser diferente. Não é ideal que os vizinhos fiquem olhando por trás das cortinas uma loura fenomenal entrando na casa de um deficiente físico, ou um homem elegante visitando uma mulher que usa cadeira de rodas", disse o cadeirante Ruud Slouber à BBC Brasil.

Objeção

Um grupo de moradores da área ficou irritado com a escolha do local e entrou com um recurso na Justiça para embargar o projeto, em 2003, mas não teve êxito.

O porta-voz do grupo, Bertus Voz, alega que a região, até agora pacata, vai ficar agitada com trânsito de carros e freqüentadores.

"O pior vai ser se as prostitutas também resolverem vir morar próximo ao local de trabalho", acrescenta Vos.

Para ele, "essa história de que o bordel tem uma finalidade especial porque é destinado a inválidos é só argumento para os empresários ganharem a licença de funcionamento".

O gerente do bordel que abrirá suas portas possivelmente em meados de 2009 lamenta que os moradores não queiram colaborar e diz que "esta reação não passa de hipocrisia".

Fonte: BBC Brasil

"Diante disso, percebemos avanços dos direitos das pessoas com deficiência física."

Douglas Jeremias


Os melhores do brasileirão

Corinthians recebe o prêmio da Série B do Campeonato Brasileiro 2008


O grande retorno do Timão




São Paulo recebe o prêmio da série A

Presidente da equipe hexacampeã faz discurso emocionado. No recebimento do título.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Carta a Friedrich Engels

Carta a Friedrich Engels
(em Ryde)

Karl Marx


[Londres], 25 de Setembro de 1857
[...] O teu "Army"(1*) está excelente; só que a extensão é para mim como uma pancada na cabeça porque trabalhar tanto te há-de ser prejudicial. Nomeadamente, se tivesse sabido que irias trabalhar pela noite dentro, teria preferido mandar o assunto para o diabo.
A história do army realça com mais evidência do que nada a correcção do nosso modo de ver a conexão das forças produtivas e das relações sociais. De um modo geral o army é importante para o desenvolvimento económico. Exemplo: o salário [Salär], completamente desenvolvido em primeiro lugar no exército, entre os Antigos. Assim, entre os Romanos, o peculium castrense(2*), primeira forma jurídica em que [é] reconhecida à propriedade mobiliária dos não pais de família. Assim, o sistema gremial na corporação dos fabri(3*). Assim, a primeira aplicação, aqui, da maquinaria em grande. Mesmo o valor particular dos metais e o seu Use(4*) como dinheiro parecem originariamente — logo que passada a Idade da Pedra, de Grimm — assentar na sua significação guerreira. Também a divisão do trabalho dentro de um ramo, levada a cabo em primeiro lugar nos exércitos. Aí resumida, além disso, de maneira muito concludente, toda a história da sociedade burguesa [bürgerliche Gesellschaft]. Se alguma vez tiveres tempo, é deste ponto de vista que um dia tens de elaborar o assunto.
Os únicos pontos omitidos na tua exposição, em meu entender, são: 1. o primeiro aparecimento acabado do mercenarismo em grande e at once(5*) entre os Cartagineses (consultarei para nosso private use(6*) Um escrito de um berlinês[N285], de que só ultimamente tomei conhecimento, sobre os exércitos de Cartago); 2. o desenvolvimento do sistema do exército em Itália, no século XV e princípio do século XVI. Em todo o caso, truques tácticos preparados aqui. Ao mesmo tempo, descrição extremamente divertida de Maquiavel (copiá-la-ei para ti) na sua História de Florença, sobre a maneira de combater dos condottieri[N286] (mas quando eu for a Brighton ter contigo — quando? — antes te levo o volume de M[aquiavel]. A História de Florença é obra-prima). Finalmente, 3. o sistema de guerra asiático, tal como aparece primeiro entre os Persas e depois modificado de muito diferentes maneiras entre Mongóis e Turcos. [...]

Notas de rodapé:

(1*) Em inglês no texto: "Exército". Trata-se do estudo de Engels. Armee: ver K. Marx/F. Engels, Werke, Bd. 14, Berlin 1961, pp. 5-48. (Nota da edição portuguesa.)

(2*) Em latim no texto. Pecúlio do soldado no activo. (Nota da edição portuguesa.)

(3*) Em latim no texto. Equipas de trabalho junto das tropas, artesãos militares na Roma antiga. (Nota da edição portuguesa.)

(4*) Em inglês no texto: uso. (Nota da edição portuguesa.)

(5*) Em inglês no texto: de uma só vez. (Nota da edição portuguesa.)

(6*) Em inglês no texto: uso privado. (Nota da edição portuguesa.)

Notas de fim de tomo:

[N285] Trata-se, evidentemente, da obra de W. Bötticher, Geschichte der Carthager (História de Cartago), Berlim, 1827, consagrada fundamentalmente à história militar de Cartago.

[N286] Condottieri: chefes de destacamentos militares mercenários em Itália nos séculos XIV-XV.

Fonte: http://www.marxists.org/portugues/marx/1857/09/25.htm

Lula e o segredo de uma celebridade

O Brasil acaba de ganhar uma nova celebridade artística internacional --Sandra Corveloni ganhou o prêmio de melhor atriz em Cannes, o que só está abaixo do Oscar. Chamou-me a atenção o seu passado: migrante, de família pobre, moradora da periferia, com pouca escolaridade, estudante de escola pública. Como conseguiu ir tão longe? Tirando a área dos esportes, raros brasileiros conseguiram vir de tão baixo e subir tão alto --um deles é Lula.
Fui entrevistar Sandra apenas para confirmar minhas suspeitas sobre o segredo de seu sucesso --e confirmei. O talento não seria descoberto e lapidado se não houvesse outros estímulos, a começar da família, para superar tantos obstáculos. É o que ocorreu com Lula, que repete sempre como a mãe, analfabeta, era um estímulo permanente ao aprendizado.
O que tenho visto é que esse tipo de gente sempre tem um exemplo bem próximo, muito próximo, de um adulto com apego notável à importância do conhecimento. Durante a conversa, ela me falou de seu avô, um agricultor sem escolaridade que se tornou um veterinário autodidata --um livro velho de veterinária era sua bíblia. Também falou da inventividade de sua mãe, Clarice, que, apesar do pouco estudo, tinha uma eterna curiosidade e um rigor diante das obrigações escolares da filha.
Por fim, Sandra me contou de uma de suas primeiras professoras (Dona Gema), em escola pública, que fazia das aulas uma festa, sempre trazendo coisas novas.
Um dos segredos do sucesso de Sandra é um dos segredos do sucesso de uma nação --quanto maior for o envolvimento dos pais com a educação, estimulando e cobrando o aprendizado, envolvendo-se com escola, maior a chance de que seus filhos tenham mais disposição de encontrar seu talento e fazer disso uma riqueza coletiva.
Se todos os pais fossem mais exigentes, a escola pública não seria como é, porque os eleitores cobrariam mais dos governantes e usariam o voto para puni-los. É por isso que deixamos de produzir tantas Sandras.



Este texto é de Gilberto Dimenstein
Folha de São Paulo

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Atlético Goianense recebe o prêmio da série C



Olha ai gente o Atlético

Um panorama das questões raciais

Neste segundo semestre tive a oportunidade de ter aulas de sociologia com Joaze Bernardino Costa, professor adjunto da Universidade Federal de Goiás, a sua área de atuação é ação afirmativa, trabalho doméstico e teorias da descolonização.

Que recentemente realizara uma palestra sobre o Dia da Consciência Negra, 21 de novembro de 2008, com o seguinte tema “Combatendo o racismo epistemológico”. Por sinal, uma excelente palestra, a maneira pela qual o assunto foi abordado despertou inúmeras idéias nos ouvintes que estavam presentes, principalmente a minha pessoa.

A discussão do tema foi referente à presença do racismo no âmbito acadêmico, tudo isso remete algumas questões, voltemos o nosso olhar ao passado. Para dar uma ilustrada ao assunto de hoje, vou mostra trechos de alguns artigos.

O problema do preconceito já existe desde de Francis Bacon que em pleno século dezesseis já se preocupava e alertava com objetividade sobre o perigo e a necessidade de dissipá-los através da ciência. E adotou uma terminologia especial para designar os preconceitos inconscientes ou não: ídola (ídolos).

(http://www.giseleleite.prosaeverso.net/visualizar.php?idt=374355)


nota: o sistema racista na África do Sul, no Brasil e nos Estados Unidos 7

Tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos e na África do Sul, o racismo, como ideologia, foi uma forma transitória de justificativa da ordem social da escravidão ou colonização, primeiro, e depois do colonato, servidão ou parceria. Ou seja, a subordinação e a sujeição política e econômica dos negros foram primeiro, justificadas pela conquista e pela força dos senhores, e apenas mais tarde pela inferioridade biológica e/ou cultural dos sujeitados, antes de passarem a ser justificadas pela pobreza e pelas características individuais e grupais dos sujeitados. Tem razão, neste aspecto, Michel Foucault, mais que Louis Dumont, quando vê o racismo como uma variante da doutrina da guerra das raças, por sua vez herdeira da doutrina do direito como força, e não como uma variante do individualismo igualitário.

(REVISTA BRASILEIRA DE CIÊNCIAS SOCIAIS - VOL. 14 No 39)

Joaze Bernardino Costa, especialista em relações raciais:

ações afirmativas e melhora do ensino

Um dos temas falado era a respeitos das cotas nas universidades brasileiras. No dia 23 de novembro saiu no jornal Diário da Manha, uma entrevista de Joaze Bernardino, dizendo algo a respeito de ações afirmativas.

“O sistema de cotas é um marco histórico na UFG e requer ações à altura, além de acompanhamento constante de desempenho para o melhoramento e aperfeiçoamento do programa”, defende Joaze Bernardino Costa, professor do programa de pós-graduação em Sociologia da UFG, especialista em relações raciais e um dos proponentes do Programa de Ações Afirmativas da Universidade.

Segundo ele, a medida cumpre uma demanda histórica de setores sociais e o princípio de igualdade entre a população. As ações afirmativas frisam, não vão contra a necessidade de melhoria do ensino fundamental e médio, apenas tentam reduzir o efeito da exclusão nas universidades públicas por meio de uma medida paliativa até que a educação básica atinja o nível ideal de ensino. “Vários estudos e estatísticas mostram que, para chegar a esse nível, levaria cerca de 30 anos. Não podemos esperar passivamente.”

Joaze se baseia em pesquisas para afirmar que a diferença de pontuação entre o aluno aprovado e o imediatamente não aprovado é quase nula. “Não há como aprovar um aluno com média 4 no vestibular para reprovar outro que tem média 4. Isso não existe e está comprovado por meio de simulações. Então, quando falamos em programa de ação afirmativa, é nessário esse tipo de intervenção como está sendo feito em mais de 70 universidades públicas em todo o País, visando à igualdade material de direito a todos, e de fato e não só no discurso.”

O professor completa que as universidades que aplicam ações afirmativas como a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e a Universidade de Brasília (UnB) mostram que alunos aprovados por cotas apresentam desempenho superior e menor nível de evasão escolar na maioria dos cursos.

Eles enxergam essa oportunidade como única e abraçam essa chance com maior ímpeto, acredita o especialista em relações raciais. Para Joaze, o vestibular não é o sistema que melhor avalia alunos para o ingresso na universidade. Quando esses alunos iniciam o ensino superior, começam tudo do zero e eles podem demonstrar todo o seu potencial. “Pesquisas feitas pela Universidade de São Paulo (USP) e UNB apontam que nem sempre o melhor aluno do vestibular tem o melhor desempenho na universidade.” Para o professor, alunos de escolas públicas ou negros têm uma trajetória de dificuldades, sabem enfrentar adversidades e não têm dificuldades na faculdade.

O techo da entrevista foi tirado do jornal Diário da Manhã
E o resto é autoria de Douglas Jeremias

O Lula anda muito inspirado, será que são os efeitos da crise?



Já declarei na última vez, que esta crise é maravilhosa em todos os sentidos. Um deles é ver o Lula mais inspirado a cada dia, nesse discurso direcionado aos neoliberais de patrão. A época agora é outra, adeus neoliberalismo!

Douglas Jeremias

domingo, 7 de dezembro de 2008

A incrível vitória de Obama e a maravilhosa crise

Um dia depois das eleições estadunidenses, o mundo vê diante de uma nova mudança chamada Barak Obama Russen. Espero modificações profundas em vários aspectos, uma expectativa que tenho até certo ponto bem otimista é em relação à economia norte-americano, pois mudanças irão acontecer com o intuito de superar a crise. Mas a pergunta, que não quer calar, quais medidas serão tomadas para coloca pontos finais na crise? O cenário atual com as estatizações de alguns bancos dá indicações que o neoliberalismo está em declino e existindo a possibilidade do seu fim. Obama está pegando um país com sérios problemas de economia, vejo que as modificações serão inúmeras, de tal maneira que os senhores conservadores neoliberais não terão mais vez nesse mundo predestinado a mudanças incríveis e sem procedentes.

Douglas Jeremias

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Quem foi Habermas?

Um dos mais importantes filósofos alemães do século XX, nasceu em Gummersbach, a 18 de Junho de 1929. Fez cursos de filosofia, história e literatura, interessou-se pela psicologia e economia (Universidades de de Gotingen- com Nicolai Harttman-, de Zurique e de Bona). Em 1954 doutorou-se em filosofia na universidade de Bona. Estudou com Adorno e foi assistente no Instituto de Investigação Social de Frankfurt am Main (1956-1959). Em 1961 obtém licença para ensinar (Universidade de Marburg) e, em seguida, é nomeado professor extraordinário de filosofia da Universidade de Heidelberg (1961-1964), onde ensinava Hans Geor Gadamer. Foi nomeado depois professor titular de filosofia e sociologia da Universidade de Frankfurt am Main (1964-1971). Desde 1971 é co-director do Instituto Max Plank para a Investigação das Condições de Vida do Mundo Técnico-Científico, em Starnberg.

Habermas foi durante os anos 60 um dos principais teóricos e depois crítico do movimento estudantil. É considerado um dos últimos representantes da escola de Frankfurt.

Filosofia

Apesar da enorme complexidade do pensamento de Habermas, é possível descobrir algumas constantes:

1. Ao longo da sua vastíssima obra, tem procurado de criar uma teoria crítica social assente numa teoria da sociedade

2. Assumindo-se como um dos defensores da modernidade, procura igualmente criar uma teoria da razão que inclua teoria e prática, o mesmo é dizer, uma teoria que seja ao mesmo tempo justificativa e explicativa.

3.A noção de interesse é nuclear no seu pensamento. Habermas parte do pressuposto que todo o conhecimento é induzido ou dirigido por interesses. Mas ao contrário das Karl Marx não o reduz o conhecimento à esfera da produção, onde seria convertido em ideologia. Nem reduz os conflitos de interesses à luta de classes. A sua noção de interesse é muito ampla. Os interesses surgem de problemas que a humanidade enfrenta e a que tem que dar resposta. Os interesses são estruturados por processos de aprendizagem e compreensão mútua. É neste contexto que Habermas afirma o princípio da racionalidade dos interesses. Distingue três grandes tipos de interesses, segundo um hierarquia algo peculiar: a)técnicos; b) comunicativos; c) emancipatórios.

Os interesses técnicos surgem do desejo de domínio e controlo da natureza. Tratam-se de interesses técnicos na medida em que a tecnologia se apoia ou está ligada à ciência. Todo o conhecimento científico enquadra-se nesta esfera de interesses.

Os interesses comunicativos levam os membros duma sociedade a entenderem-se (e às vezes a não entenderem-se) com outros membros da mesma da mesma comunidade, o que origina entendimentos e desentendimentos entre as várias comunidades. Nesta esfera de interesses estão as chamadas ciências do espírito (ciências humanísticas, culturais, etc).

Os interesses emancipatórios ou libertadores estão ligados à auto-reflexão que permite estabelecer modos de comunicação entre os homens tornando razoáveis as suas interpretações. Estes interesses estão ligados à reflexão, às ciências críticas (teorias sociais), e pelo menos em parte, ao pensamento filosófico. Esta auto-reflexão pode converter-se numa ciência, como ocorre com a psicanálise e a crítica das ideologias, mas uma ciência que é capaz transformar as outras ciências. O interesse emancipatório resulta de ser um interesse justificador, explicativo enquanto justificador.

4.A auto-reflexão individual é inseparável da educação social, e ambas são aspectos de emancipação social e humana. As decisões (práticas) são encaradas como actos racionais, onde não é possível separar a teoria da prática.

5. Todo o seu pensamento aponta, assim, para uma auto-reflexão do espécie humana, cuja história natural nos vai dando conta dos níveis de racionalidade que a mesma atinge.

Autor desconhecido

O grande Habermas


Video de Habermas

sábado, 30 de agosto de 2008

Acessibilidade e Locomoção dos deficientes físicos na UFG

Douglas Gonçalves, Fabíola Duarte e Milton Mendonça¹

Resumo: A humanidade evoluiu suficientemente para não existir mais problemas de exclusão social no mundo, mas isso continua acontecendo nos dias atuais. As pessoas que mais sofrem com este dilema são os deficientes físicos, esta exclusão é causada principalmente pela falta de acessibilidade nos locais públicos e privados. Diante dessa situação analisaremos, neste artigo, os problemas da falta de Acessibilidade e Locomoção dos deficientes físicos na Universidade Federal de Goiás. Tentaremos fazer uma análise, desta mini-pesquisa antropológica realizada nos meses de Maio e Junho de 2008.

Palavras - chaves: Falta de acessibilidade na Universidade, barreiras físicas, inclusão social.
Introdução

Reza a Constituição da República Federativa do Brasil em seu 5º artigo, XV termo, que: è livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens. No entanto, todos sabem que não é bem assim que funcionam as coisas. O direito de ir e vir é burlado em situações que em inequívoco ocaso denotam desrespeito, não cumprimento da lei disposta na constituição e, claro, o usurpo do direito inalienável e inviolável da liberdade individual.
Diante de tal situação, buscamos nesta mini-pesquisa estabelecer uma reflexão sobre a acessibilidade e a locomoção dos deficientes físicos nas mediações da Universidade Federal de Goiás (UFG).
A realização de tal mini-pesquisa, confessamos, foi motivada pelas dificuldades enfrentadas pelos alunos com deficiência física que estudam na UFG, um exemplo próximo, é Douglas Jeremias Martins Gonçalves, aluno do primeiro semestre de Ciências Sociais e um dos mentores da presente mini-pesquisa.
Fomos a campo incontáveis vezes, isto é, quase todos os dias, uma vez que nosso colega Douglas todos os dias enfrenta as mesmas dificuldades de locomoção na universidade.
Quando estávamos no campo, nos propusemos a verificar as reais condições tanto de acessibilidade como de locomoção que os deficientes físicos encontram aqui na UFG, e como estas contribuem para exclusão social dos mesmos aqui dentro da universidade. Do ponto de vista da integração do deficiente bem como sua inclusão nas atividades não só universitárias Deise Pupo e Regina Vicentini (1) concluem que: “A integração do deficiente antecede à inclusão e pressupõe três níveis básicos: social - de acesso aos bens, à educação, saúde, trabalho e lazer, seja qual for à deficiência; político - de participação nos processos decisórios e culturais - como membros e agentes das atividades culturais. Assim, o grande problema da integração está no fato de os deficientes não serem entendidos e assumidos como sujeitos culturalmente contextualizados. Essa visão passiva e negativa da deficiência deverá ser superada e ser entendida como mais uma possibilidade, se investido mais nas capacidades do que nas limitações, encarando-se a deficiência menos em seu aspecto biológico, e mais do ponto de vista social – pois um novo paradigma está se delineando: as diferenças vêm sendo abordadas com mais naturalidade, tornando possível viver à igualdade na diferença.”
Fomos um sem-número de vezes à reitoria, e conversamos com Jeblin Antônio Abraão, pró-reitor de desenvolvimento institucional e recursos humanos, Pedro Cruz, pesquisador institucional e coordenador de informações institucionais, e Venelúcia Cardoso secretária da secretaria dos órgãos colegiados conseguimos dados numéricos e depoimentos de suma importância a nossa proposta de mini-pesquisa. Também nos valemos de uma conversa com a professora doutora em antropologia, Selma Sena, mãe de uma portadora de deficiência física, além de termos conversado também com Maria Aparecida da Silva, assistente administrativa da diretoria do Instituto de Ciências Biológicas IV (ICB IV), esposa de um deficiente físico, também tivemos acesso a algumas ações e projetos da vereadora Cidinha Siqueira com respeito à inclusão social do deficiente físico na sociedade. Todas essas atividades foram realizadas com o intuito de traçar o panorama atual e apresentar perspectivas futuras atinentes à acessibilidade e locomoção dos deficientes físicos aqui na UFG, e todas elas serão minuciosamente descritas adiantes, e, efetivamente, muito nos ajudaram nesta mini-pesquisa.

Impressões Iniciais

Bem, constam abaixo nossas primeiras impressões, nas duas primeiras emergidas a campo. Acreditamos que essas impressões iniciais são importantes por serem únicas, pois foram o que de primeiro vimos no universo dessa proposta de mini-pesquisa.
Na primeira emergida, tivemos a oportunidade de ir à reitoria para obtenção da última ata do CEPEC (Conselho de Ensino, Pesquisa, Extensão e Cultura), onde o estudante do curso de medicina Virgílio Lourenço dos Reis solicitou a prorrogação de prazo para integralização no seu curso। Obtivemos no SOC (Secretaria de Órgãos Colegiados) um certificado da última reunião do CEPEC que embasado neste será redigido uma ata desta mesma reunião। Na próxima vez que o CEPEC se reunir no dia 10 de junho a ata será aprovada ou refutada। Recebemos no SOC um cartão com o e-mail e os telefones para procuramos ata após a próxima reunião do CEPEC। No SOC procuramos sobre onde poderíamos obter os dados numéricos a respeito do ingresso de alunos portadores de deficiência física na UFG। Fomos orientados a ir até a PROGRAD (Pró-Reitoria de Graduação) onde conseguiríamos esses números। No entanto, fomos inicialmente ao DAA (Departamento de Assuntos Acadêmicos), onde no guichê 1 de arquivos a funcionária nos relatou o total desconhecimento com respeito ao número de deficientes físicos na UFG, nos direcionamos então para a PROGRAD, e a funcionária nos direcionou novamente para PRODIRH (Pró-Reitoria de Desenvolvimento Institucional e Recursos Humanos), chegando lá procuramos os números que queríamos obter। Mas o Pró-Reitor de Desenvolvimento Institucional e Recursos Humanos, professor Jeblin Antônio Abraão, estava saindo, e alegou estar atrasado para consulta odontológica e, não podendo nos atender, fomos levados ao estagiário que trabalham com Pedro Cruz, que estava em Brasília, este é funcionário da PRODIRH, e segundo o atendimento que tivemos no SOC, Pedro Cruz estaria levantando os números (de deficientes físicos na UFG) para atender as exigências do MEC (Ministério da Educação e Cultura) com respeito à adequação em todo corpo físico da UFG para uma melhor locomoção dos portadores de deficiência física। Convém destacar que quando estávamos no SOC, à funcionária entrou em contato com o Pró-Reitor da PRODIRH, Jeblin Abrão, acerca do levantamento dos números de deficientes físicos da UFG até o presente momento। No PRODIRH, o estagiário de Pedro Cruz procurou os dados estatísticos de 2005, onde os números de deficientes físicos estariam expostos, no entanto, não conseguindo recorreu ao computador tendo uma tabela que até continha os números por nós desejados, todavia sem o mínimo de dignidade que uma tabela pode possuir a fonte dos números obtidos. Durante a ida até a reitoria, percebemos as muitas dificuldades que encara um deficiente físico ao andar pela universidade। Tivemos o contato com as irregularidades do calçamento que dificultam a locomoção de cadeiras de rodas। Além disso, ainda tem a falta de rampas em determinados lugares, e em outros, encontramos rampas inclinadas ou em mau estado de conservação.
Dentro do prédio da reitoria há a presença de elevador, e tivemos que utilizá-lo e, a partir daí percebemos que eles são estreitos e pequenos, quase que a cadeira não coube। Para entrar nas salas sempre aparece alguma coisa para atrapalhar a entrada, geralmente é um móvel que fica perto da porta.
No segunda emergida, fomos à reitoria novamente, e lá nos dirigimos direto a PRODIRH, encontrar com Pedro Cruz e conversar a respeito do número de deficientes físicos que já ingressaram na UFG. No momento que fomos procurá-lo ele já havia saído. Logo depois uma funcionária ligou para Pedro Cruz e passou o telefone para nós.
Segundo o que Pedro Cruz diz, não existe um levantamento histórico estatístico de portadores de deficiência física que ingressaram na UFG. Não é possível caracterizar numericamente o contingente de deficientes físicos porque as coordenadorias dos cursos não enviaram os números como deveriam ter feito. Segundo ele, o único deficiente físico que é de seu conhecimento é Douglas Gonçalves, curiosamente um dos mentores da presente mini-pesquisa antropológica, como mencionado anteriormente.



Desenvolvimento da Observação

Enfatizamos de início, que diagnosticar problemas no espaço físico da universidade não foi difícil, tendo em vista a dificuldade de levantarem dados que pudéssemos nos ajudar nesta mini-pesquisa, e que conferissem às mesmas características reais e ilustrativas.
Na PRODIRH (Pró-Reitoria de Desenvolvimento Institucional e Recursos Humanos) conversamos com Jeblin Abraão, pró-reitor da PRODIRH, e Pedro Cruz pesquisador institucional.
Na conversa com o professor Jeblin abordamos de início que tipo de adequações aos deficientes físicos o projeto de expansão universitária, REUNI, irá propiciar. Ele nos respondeu, que projeto como o REUNIU tem sim uma política voltada para acessibilidade e locomoção dos deficientes aqui na UFG, e que não resta a menor dúvida de que vai ficar melhor de que as condições atuais. Em seguida, nos disse que foi liberada uma verba para adequações da estrutura física da UFG aos deficientes e que estas adequações foram exigidas por uma lei federal. Posteriormente, nos noticiou que sua filha que é deficiente auditiva passou aqui pela UFG na graduação de Ciências Biológicas, e não encontrou uma didática específica que atendesse suas necessidades especiais; o professor Jeblin ainda nos disse que especialmente os professores, no geral, não sabem lidar com pessoais que possuem algum tipo de deficiência. Já no final de nossa conversa, ele nos deu sua opinião acerca da acessibilidade e da locomoção dos deficientes aqui na UFG, disse ele: “As condições de acessibilidade e de locomoção dos deficientes físicos aqui na universidade hoje estão muito melhores do que anteriormente, mas isso não quer dizer que estejam resolvidas, é um trabalho que exige constância e disposição sem sempre estar melhorando”.
Na conversa com o Pedro Cruz, solicitamos a ele, de início, um levantamento do número de deficientes físicos que ingressaram na universidade nos últimos cinco anos, e também um levantamento histórico de quantos deficientes á ingressaram na UFG ao longo de sua história. Pedro Cruz nos disse que todos os dados que solicitamos são difíceis de serem conseguidos, o levantamento dos últimos cinco anos é dificultado pela seguinte razão: a UFG não o possui. No entanto, poucos dias depois da nossa primeira conversa com Pedro Cruz, o mesmo nos telefonou para avisar que já havia conseguido o levantamento dos últimos cinco anos, entretanto, sobre o outro dado nos disse que o teria solicitado junto ao INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) em Brasília.
Nos últimos cinco anos (2004 a 2008) a PRODIRH têm a informar que se encontram matriculados na UFG sete alunos portadores de necessidades especiais, sendo que seis desses sete são portadores de deficiência física e um é deficiente visual.
Quanto ao histórico de quantos deficientes que já ingressaram na UFG Pedro Cruz não obteve até o momento de fechamento do trabalho.
Conversamos também com Custódia Selma Sena do Amaral, doutora em antropologia, professora do departamento de Ciências Socais e mãe de uma portadora de deficiência física. A professora nos disse que quanto à locomoção e acessibilidade apenas recentemente a UFG construiu rampas e banheiros para deficientes físicos. E, segundo ela, faltam muitas outras obras de acessibilidade: elevadores para prédios, laboratórios e ônibus ou vans especiais para transporte de deficientes.
Posteriormente, a professora nos relatou, que: “A UFG está longe de prover as condições estruturais de locomoção e acesso para deficientes físicos e nestes anos todos que trabalho na UFG somente agora começo a ver alguns deficientes físicos na UFG”. Quando indagada sobre o processo seletivo, a professora dos disse que é favorável a cotas para deficientes físicos desde que obras de infra-estrutura sejam realizadas para assegurar a permanência dos alunos no curso, incluindo também bolsas de manutenção.
Conversamos ainda com Maria Aparecida da Silva, assistente administrativa da diretoria do ICB IV, e esposa de um deficiente físico. Ela nos disse que a última ação, que é de seu conhecimento, e que foi implantada no sentido de melhorar as condições de locomoção e acessibilidade foram às construções de rampas e banheiros para deficientes físicos a quatro ou cinco anos atrás, ainda na gestão da professora Milca Severino Pereira na reitoria da UFG. Segundo Maria Aparecida, quanto aos laboratórios principalmente os dos ICB’s não foram pensados para deficientes, devido a limitação do espaço bem como balcões muito baixos dificultam o acesso de alunos com deficiência física aos microscópios e aparelhagem laboratorial.
Em uma de nossas idas a reitoria, conseguimos junto a SOC (Secretaria dos Órgãos Colegiados) a ata da sessão plenária do conselho de ensino, pesquisa, extensão e cultura (CEPEC) da UFG, realizada no dia seis do mês de maio de 2008. Nesta reunião o CEPEC da UFG apreciou o processo de número 23070.012077/2007-89, do interesse de Virgínio Lourenço dos Reis, solicitando prorrogação de prazo para integralização curricular no curso de medicina, e, por 13 votos a favor, 7 contra e 2 abstenções, o CEPEC posicionou-se favoravelmente à pretensão do requerente. Por trás desta ata de reunião do CEPEC existe uma história de vida das mais interessantes, Virgílio Lourenço dos Reis ingressou no curso de medicina da Fundação Faculdade Regional de Medicina de São José do Rio Preto, em 1985, até o presente processo, aberto em 2007 não concluiu o curso.
Falta a Virgílio cursar a disciplina Medicina Tropical, no qual foi reprovado pela terceira vez em 2007, motivo da sua exclusão da UFG. Virgílio argumentou na sessão plenária do CEPEC que enfrenta dificuldades decorrentes de ser portador de necessidades especiais. Informou que é proveniente de família com parcos recursos financeiros, que reside no interior do estado de Goiás, e que enfrentou muitos problemas de moradia.
Felizmente Virgílio agora será acompanhado, mais de perto, pela coordenação do seu curso e pelo programa “Saudavelmente”, além de ser verificada a possibilidade de concessão, ao aluno, de uma bolsa permanência, visando auxiliá-lo na conclusão do curso de medicina.

Um Olhar de Dentro para Fora

Acreditamos, sobre tudo, que uma das visões mais certeiras a esse tema, é a visão de quem realmente passa por isso, assim sendo valorizamos a opinião de nosso colega de mini-pesquisa Douglas Gonçalves acerca deste tema, segundo Douglas uma falta de estrutura adequada para o melhor acesso do deficiente nas mediações da UFG, podemos destacar que já excessos de barreiras físicas que atrapalham a locomoção do mesmo. Os principais problemas são: calçamento inadequado dos pátios dificultando o acesso da cadeira de rodas, a falta de elevadores nos prédios para deficientes físicos, as rampas que são inadequadas muitas vezes com inclinações elevadas ou quando estão em mal estado de conservação, e também outro ponto relevante é a inadequação da biblioteca que destina apenas a entrada dos fundos para os deficientes físicos impedindo que eles entrem pela porta da frente.
Segundo a Norma Brasileira 9050 da Associação Brasileira de Normas Técnicas
(ABNT/NBR 9050, 1994), promover a acessibilidade no ambiente construído é proporcionar condições de mobilidade, com autonomia e segurança, eliminando barreiras arquitetônicas desnecessárias. Um espaço construído, quando acessível a todos, é capaz de oferecer oportunidades igualitárias a todos os seus usuários. No entanto, a maioria dos locais públicos é construído e modificado desconsiderando vários dos diversos tipos humanos que habitam estes ambientes construídos, diz Leonardo Bittencout (2).

A realidade do tema de fora dos limites da UFG

A vereadora Cidinha Siqueira, portadora de deficiência física, encabeça um início de “mobilização” na sociedade política goiana em prol de melhorias educacionais e de locomoção para os deficientes. Dentre as ações da vereadora, podemos citar uma homenagem proposta por ela aos líderes da inclusão social de pessoas com deficiência. Podemos perceber que ações como estas são verdadeiros momentos de cidadania e reconhecimento de um trabalho social prestado como um intuito de valorizar a integração do deficiente na sociedade, passando por cima das diferenças e, obviamente, tentando diminuir a exclusão social que infelizmente é uma triste realidade.
Diante do fator exclusão social, e como este configura uma dinâmica social específica, que denota injustiça social, Pupo e Vicentini (1), argumentam que a complexidade da vida em sociedade caracterizada pela convivência de pessoas tida como “normais” com tantas outras concebidas como “anormais”, a integração pode constituir uma via de mão-dupla, na qual deficientes e não-deficientes devem interagir na construção do entendimento comum – Embora a exclusão das pessoas portadoras de deficiência seja notória.
De fato, a interação de deficientes e não-deficientes construa, efetivamente, entendimento comum, contudo, se não já meios de acessibilidade e locomoção aos deficientes é muito difícil se construiu conhecimento como, visto que barreiras físicas e inadequações a locomoção destes é o que não falta.

Uma Visão Econômica

Colocando em foco o dilema que os deficientes físicos enfrentam em relação às poucas oportunidades que estes têm em comparação com as demais pessoais, ditas “normais” podemos identificar segundo a perspectiva marxista que uns indivíduos são física ou moralmente superiores a outros e, portanto, fornecem mais trabalho no mesmo tempo ou podem trabalhar mais tempo, e para que o trabalho possa servir da medida, é preciso determinar a sua duração ou a sua intensidade, se não deixaria de ser unidade.
Esse direito igual é um direito desigual para um trabalho desigual. É interessante abordarmos esta dimensão porque nitidamente a sociedade de hoje é alicerçada em valores de consumismo exacerbado, que acaba por extrapolar o limite de respeitabilidade do ser humano e, por conseguinte, confere as pessoas portadoras de deficiências “certo status” de incapacidade e ineficiência.
Todos sabem que propiciar condições de trabalhos iguais sem respeitar as diferenças da capacidade física dos trabalhadores é não fazer valor um dos princípios de Marx (3): “De cada um segundo suas capacidades, e a cada um segundo as suas necessidades!”

Conclusão

Este artigo primou por descrever esmiuçadamente as reais condições da acessibilidade e da locomoção dos deficientes físicos na UFG. Valemos-nos de informações numéricas bem como depoimentos pessoais de pessoas que de alguma forma estão ligadas à temática da deficiência, seja por ter algum familiar em tais condições ou por trabalharem diretamente com o assunto.
Também procuramos enxergar além dos limites da universidade como está a acessibilidade e a locomoção dos deficientes na sociedade, e alinhavar um pensamento em linhas econômicas acerca deste tema.
A mini-pesquisa, em determinada altura, adota um caráter surpreendente quando traz a situação atual de Virgílio dos Reis, e sua incansável luta que já dura vinte e três anos na tentativa de conclusão do seu curso de medicina.
Em outro momento toma um corpo muito prático quando Douglas Gonçalves relata que dificuldades ele encontra diariamente na universidade.
Pensar em diferentes formas de inclusão social acaba por contribuir efetivamente para a superação das diferenças que maculam o convívio social. Segundo Pupo e Vicentini (1), trazer este pensamento da inclusão social, especialmente para o âmbito universitário, é oferecer aos portadores de deficiência maiores oportunidades de pesquisar, aperfeiçoar e gerar novos conhecimentos.
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1. Graduandos do primeiro período de Ciências Sociais, UFG
Bibliografia

(1) PUPO, Deise Tallarico e VICENTINI, Regina Aparecida Blanco. A -integração do usuário portador de deficiência as atividades de pesquisa: O papel das bibliotecas virtuais. Disponível em:
<http://libdigi.unicamp.br/document/?view=1122>. Acesso em: 26 jun. 2008.

(2) BITTENCOUT, Leonardo Salazar. Acessibilidade e cidadania: Barreiras arquitetônicas e exclusão social dos portadores de deficiência física – Área temática de Direitos Humanos. Disponível em:
<http://www.ufmg.br/congrext/Direitos/Direitos10.pdf>. Acesso em: 26 jun.
2008.

(3) MARX, Karl. Crítica do programa de Gotha. Disponível em:
<http://www.marxists.org/portugues/marx/1875/gotha/index.htm>. Acesso em: 25 jun. 2008.