terça-feira, 23 de dezembro de 2008

A verdade doi muito para alguns

A democracia tem suas vantagens mesmo. Num belo dia, por sinal um grupo genial de Raps, teve a coragem de manifestarem a sua pura liberdade de expressão na do povo.

Olhem a obra prima do povo


Cantor de hip hop irrita deputados

Para rapper Claudinho, medalha que recebeu é apenas um “metal preso em uma cordinha”



Na segunda-feira (8), a Assembléia Legislativa foi palco de uma saia justa que indignou deputados, arrancou risos e aplausos dos presentes e colocou Cláudio Roberto dos Santos no centro de uma polêmica difícil de ser digerida pelos parlamentares. Cláudio Roberto é Claudinho, 30, cantor de rap e um dos 18 homenageados da sessão especial promovida pelo deputado Mauro Rubem (PT) em comemoração aos 60 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Presidente da União Bate Cabeça do Cerrado (UBC), que reúne músicos, dançarinos e produtores de hip hop e membro do Centro de Cidadania Negra de Goiás (Ceneg -GO), recebeu da Comissão dos Direitos Humanos a Medalha Pedro Ludovico por trabalhos de afirmação da cultura negra, combate ao racismo e violência social realizados em escolas e comunidades carentes.

O “agradecimento” veio em forma de versos, e foi neste instante que o mal-estar tomou conta do plenário Getulino Artiaga. De posse do microfone, embalados pela batida forte do hip hop, Claudinho, Mc Lethal e Mortão, integrantes do grupo Testemunha Ocular, deram ritmo à máxima de que todo político é “ladrão” e propagaram pelos quatro cantos do salão a impressão que têm da Casa: “Político rouba, político rouba/ dentre mil um roda. Os despolitizados viram massa de manobra/ estão tão acomodados que se viram com as sobras/ Sobra de ignorância, não tem para onde correr/ Existe um abismo entre o povo e o poder”. No dia seguinte, surgiu a proposta de cassar a medalha do rapper. “Achei a música de profundo mau gosto. Foi falta de educação, era uma sessão solene, ele cuspiu na medalha que recebeu. Ingratidão com todos que a concedemos. Sou a favor da cassação da medalha. O ideal, porém, é que ele tenha elegância e devolva”, defende o deputado Romilton Moraes (PMDB).

Claudinho confessa que notou a “cara amarrada” dos políticos presentes.

Logo o cerimonial começou a diminuir o volume do som instrumental que acompanhava a canção. O grupo continuou cantando. No final da música, muitos aplaudiram, outros riam e os cantores se retiraram. Em seguida, Mônica Café, presidente do Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente, e Marcos Antônio Correntino, presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Meia Ponte (Cobamp) discursaram. “Ficou um clima desagradável. A música não era apropriada. Algumas pessoas gargalhavam, outras ficaram preocupadas”, descreve Domingos Pereira, presidente do Sintego e também homenageado. O deputado Wagner Guimarães (PMDB), que presidiu a sessão, encerrou a homenagem tentando botar “panos quentes” no acontecido. “Esta é uma das vantagens da democracia.”

“A música é uma das formas mais contundentes de manifestação.

Aproveitamos a oportunidade para mostrar que o povo vota sempre nos mesmos corruptos. Não atacamos ninguém. Mesmo porque, se fôssemos fazer uma música para cada político corrupto, daria uma discografia gigante”, ironiza Claudinho. O rapper, que só concluiu o ensino médio, filho de uma dona de casa e de um metalúrgico, é morador do Setor Norte Ferroviário e diz que a medalha não passa de objeto simbólico. “É um metal preso em uma cordinha. Perguntaram se minha mãe não me ensinou que devemos ter educação na casa dos outros. Não entendem que a Casa não é deles, é do povo.”

Rubem é contra a cassação da medalha. “Seria absurdo. A Casa tem que viver com o contraditório. Não aprovo a canção, mas a manifestação de uma música de um CD comercial não reduz o mérito de Claudinho na luta contra o racismo.” Betinha Tejota (PSB) pensa até em processar o cantor por danos morais. “Deve ser uma pessoa muito mal resolvida, que vota mal e traumatizado. Foi falta de caráter, ato de cinismo.”

Que tem falta de cinismo é a deputada que não sabe o significado de liberdade de expressão, afinal será que pensou que a música era pra ela?

“Quem sou eu para discutir cinismo com os especialistas no assunto?”, rebate Claudinho. “Se ela tivesse vindo de onde vim, se tivesse sido cerceado seu acesso à educação e lazer, talvez entenderia... talvez.”

Perguntado se seria político, dispara: “Eu já sou. Essa é minha forma de fazer política.”

Fonte: Youtube e Diário

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